São José de Anchieta-Padre e Confessor

 

Dia de São José de Anchieta

DIA DE SÃO PADRE JOSÉ ANCHIETA – 9 DE JUNHO.

 

A Igreja celebra hoje (9/06/2023), a memória litúrgica de um dos primeiros evangelizadores do Brasil, são José de Anchieta, que pela sua importância na introdução do cristianismo no país é conhecido como apóstolo do Brasil.

José de Anchieta nasceu em 19 de março de 1534 em San Cristóbal de La Laguna (Tenerife). Com apenas 14 anos ingressou ao Colégio de Artes da Universidade de Coimbra, destacado como um dos melhores alunos e como um grande poeta.

Aos 17 anos, enquanto rezava diante de uma imagem de Nossa Senhora, compreendeu a missão que o aguardava. No dia 1º de maio de 1551, ingressou na Companhia de Jesus e começou seus estudos de Filosofia. Conhecido por compor versos latinos com muita facilidade, ficou conhecido como o “Canário de Coimbra”.

Em 1553, devido a uma doença, mudou-se de Tejo (Lisboa) ao Brasil. Chegou como missionário à Bahia e logo deu início ao seu trabalho de catequese com os índios. Anchieta adentrou pelo território, aprendeu a língua tupi, catequisou e ensinou latim aos índios, ao mesmo tempo em que lhes ensinava noções de higiene, medicina, música e literatura. Esta experiência com os povos nativos lhe permitiu escrever a primeira gramática tupi-guarani.

No dia da comemoração de São Paulo – 25 de janeiro – no ano de 1555, inaugurou o colégio que ajudou a construir no planalto de Piratininga, na capitania de São Vicente. Ali, no pátio do colégio jesuíta foi onde se fundou a atual cidade de São Paulo.

Em 1565, foi enviado ao Rio do Janeiro, onde colaborou na construção de um colégio e do primeiro hospital da cidade, conhecido como “A Casa da Misericórdia”. Logo, foi ordenado sacerdote.

Voltou a São Vicente e durante um período de seis anos colaborou no colégio, além de realizar um importante trabalho apostólico e literário. Entre 1577 e 1587, foi designado superior dos jesuítas no Brasil, incentivando ainda mais o trabalho nas escolas e a catequese com as crianças.

Anchieta viajou por todo o país orientando os trabalhos missionários, como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, entre outros. Fiel à doutrina e à sua congregação, era um homem dócil ao Espírito Santo e se consumiu por inteiro em sua missão.

Faleceu no dia 9 de junho de 1597, aos 63 anos, na vila de Reritiba, atual cidade de Anchieta, no Espírito Santo. No dia 10 de agosto de 1736, o papa Clemente XII o declarou venerável. Foi beatificado pelo papa João Paulo II no dia 22 de junho de 1980.

O papa Francisco, no dia 3 de abril de 2014, no uso de suas faculdades de Sumo Pontífice da Igreja Católica, dispensou o milagre e inscreveu José de Anchieta no Livro dos Santos, estendendo o culto do jesuíta à Igreja universal.

 Poema de Padre Jose de Anchieta

Padre Anchieta por Candido Portinari

O Padre José de Anchieta enquanto esteve prisioneiro em Ubatuba, escreveu em latim nas areias de Iperoig seu primeiro poema: “O Poema à Virgem”. A História menciona José de Anchieta, o missionário jesuíta que aqui viveu de 1553 a 1597, como o primeiro poeta no Brasil. Ele memorizava o poema diariamente, pois a subida da maré poderia apagar a escrita.

 

Escrito de Padre Anchieta

Das Cartas de São José de Anchieta ao Prepósito-Geral Diego Láyñez

Carta de 1º de junho de 1560; cf. Serafim da Silva Leite SJ, Cartas dos primeiros jesuítas do Brasil, vol. 3 (1558- 1563),São Paulo 1954, p.253-255. (Séc.XVI)

Nada é árduo aos que têm por fim somente a honra de Deus e a salvação das almas

De outros muitos poderia contar, máxime escravos, dos quais uns morrem batizados de pouco, outros já há dias que o foram; acabando sua confissão vão para o Senhor. Pelo que, quase sem cessar, andamos visitando várias povoações, assim de Índios como de Portugueses, sem fazer caso das calmas, chuvas ou grandes enchentes de rios,e muitas vezes de noite por bosques mui escuros a socorrermos aos enfermos, não sem grande trabalho, assim pela aspereza dos caminhos, como pela incomodidade do tempo, máxime sendo tantas estas povoações e tão longe umas das outras, que não somos bastantes a acudir tão várias necessidades, como ocorrem, nem mesmo que fôramos muito mais, não poderíamos bastar. Ajunta-se a isto, que nós outros que socorremos as necessidades dos outros, muitas vezes estamos mal dispostos e, fatigados de dores, desfalecemos no caminho, de maneira que apenas o podemos acabar; assim que não menos parecem ter necessidade de ajuda os médicos que os mesmos enfermos. Mas nada é árduo aos que têm por fim somente a honra de Deus e a salvação das almas, pelas quais não duvidarão dar a vida. Muitas vezes nos levantamos do sono, ora para os enfermos, ora para os que morrem.

Hei me detido em contar os que morrem, porque aquele se há de julgar verdadeiro fruto que permanece até o fim; porque dos vivos não ousarei contar nada, por ser tanta a inconstância em muitos, que não se pode nem se deve prometer deles coisa que haja muito de durar. Mas bem-aventurados aqueles que morrem no Senhor (Ap 14,13), os quais livres das perigosas águas deste mudável mar, abraçada a fé e os mandamentos do Senhor, são transladados à vida, soltos das prisões da morte, e assim os bem-aventurados êxitos destes nos dão tanta consolação, que pode mitigar a dor que recebemos da malícia dos vivos. E contudo trabalhamos com muita diligência em a sua doutrina, os admoestamos em públicas predicações e particulares práticas, que perseverem no que têm aprendido. Confessam-se e comungam muitos cada domingo; vêm também de outros lugares onde estão dispersados a ouvir as Missas e confessar-se.

Oração:

Senhor nosso Pai, derramai sobre nós a vossa graça, a fim de que, a exemplo de São José de Anchieta, apóstolo do Brasil, sirvamos fielmente ao Evangelho, tornando-nos tudo para todos, para salvação das almas para Vós e crescer no amor de Cristo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo que convosco vive e reina na unidade do Espirito Santo pelos séculos dos séculos. Amém.

 

Fontes:  

ACIdigital - Liturgia das Horas

curiosidadesdeubatuba.com.br/o-poema-de-jose-de-anchieta